KASPAR2016

 
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E você: quer ser feliz ou ter razão?

Havia um garoto. Ele andava tranquilo pela estrada da sua vida e percorria um caminho reto, gramado, cheio de verde e flores. Passava pelas janelas do seu trabalho, do seu papel como amigo, como jovem pai até que um dia ele se deparou como uma bifurcação. O caminho, antes sem opção de escolha, lhe perguntava: você quer ser feliz ou ter razão? Essa escolha passou a ficar cada vez mais constante na sua estrada e aparecia, na maioria das vezes, em momentos de discussões ou divergências de opiniões com pessoas próximas.
Teimoso, o garoto escolhia ter razão. E, cada vez que conseguia ultrapassar os obstáculos que ora eram poças d’água, ora arames e troncos, se sentia vitorioso e orgulhoso de si mesmo que seguia triunfante pela estrada da razão.

Cego com seus desafios e artimanhas para superar os obstáculos, o garoto não percebia que a estrada já não tinha mais gramados, nem uma flor sequer. Os raios de sol que iluminavam suas relações estavam cada vez mais tímidos e era cada vez mais comum um amanhecer nublado, às vezes com garoas incômodas.
Em um dia qualquer, ele acordou cansado e, novamente, havia logo à frente uma porta velha com galhos soltos e altos bloqueando sua passagem. Ele, sem energia, pensou em pedir ajuda aos seus amigos e familiares mas as janelas e portas que davam acesso à eles estavam distantes, umas 2 horas distante, no mínimo. Nesse momento ele se deu conta de quão cinza estava sua estrada: sem vida, sem graça. Ele tinha razão, vencia qualquer discussão e era o rei da dialética. Mais nada.

 

Essa história pode ser a de qualquer um de nós, não é mesmo? Quantas vezes não prolongamos discussões e ‘vamos até o fim’ até sairmos vitoriosos do embate? Quantas vezes não estragamos uma saída, um encontro ou uma programação porque algo não saiu como gostaríamos e, então, passamos a querer explicações e justificativas desgastantes para o ocorrido?  até que ponto vale brigar e gastar energia para defender um projeto ou opinião?
Entendo que para tudo há um limite e, para mim, esse limite é atingido quando ele ameaça a minha paz de espírito e o meu equilíbrio de vida. Se a briga no trabalho, ou até mesmo entre amigos, tiver que ser grande a ponto de me fazer chegar em casa e ignorar o amor que minha família tem para mim, repenso. Se eu preciso pontuar algo para alguém próximo e eu sei que vai impactar todo o dia que vem pela frente, reflito.

Sei que às vezes somos levados pelo dia a dia e repensar e refletir não é algo tão simples de se fazer, porém, acho um desafio importante para escolhermos encarar. Acredito que não vale a pena colocar nossa felicidade em jogo para termos razão em todas as conversas, sejam elas entre Mario e mulher, com a namorada ou em uma mesa de bar, ou entre amigos,

Parece trivial, como se já fizéssemos isso naturalmente, escolher a estrada de gramado verde e raio de sol. Em um lado poético, se perguntarmos se as pessoas preferem ser felizes ou ter razão, ouviremos um brado que é óbvio, ‘eu prefiro ser feliz’. O que acontece é que muitas vezes isso não sai do discurso e, no primeiro desentendimento com o namorado,ou a namorada, na primeira briga com alguém da familia ou na primeira divergência com o chefe, ou seja em qualquer desentendimento lá vem nosso ego cheio de razão pronto para brilhar e colocar em prática seus discursos e conhecimento que o rarão ganhar mais ‘uma batalha’.
Essa reflexão é diária, para não dizer de hora em hora. A qualquer momento podemos nos deparar com a bifurcação na estrada: que tenhamos sabedoria de saber a hora de insistir em uma opinião e a hora de abrir mão da razão para sermos felizes em uma relação e com nós mesmos. E que tudo isso aconteça antes da estrada estar nublada – e fria demais.

E você: quer ser feliz ou ter razão?