Tendemos para reconhecer, na pessoa que, hipoteticamente, amamos, "qualidades" comuns, semelhanças com a nossa própria pessoa. Costumamos chamar a isto – cumplicidade.
- Ela(e) afinal também gosta de cinema! Também gosta de leitura! De música
calma! Somos “almas gémeas”, está visto! Adora poesia, como eu, passear
sozinha(o) à beira mar! - Por onde terás andado até agora, meu amor? –
Subitamente, ela(e), está, em primeiro lugar, no nosso adormecer, e pouco tempo
depois, no nosso acordar. É que nos primeiros tempos, apenas adormecemos a
pensar na tal pessoa! Só passado algum tempo é que a tal pessoa passa a ser o
nosso primeiro pensamento ao acordar, a nossa primeira visão no novo dia!
Chegamos então ao momento em que, essa pessoa, passa a ser o nosso primeiro e o
nosso último pensamento do dia. É chegada a altura de (nada a fazer contra isso
e nem que seja só connosco próprios) assumirmos que estamos apaixonados.
Mas calma… apaixonados por quem? Quem amo eu, afinal? Bem, quer-me parecer que
estou a gostar de aspectos que caracterizam a minha própria pessoa! Que raio!
Há algo aqui que não bate certo… então mas… de que/quem estou a gostar eu,
afinal?! Gosto dela(e) por ela(e) gostar do que eu gosto?!!! Então estou
apaixonado por mim!!!
Gostamos na outra pessoa, também e muito das diferenças, mas não nos
apercebemos. São as diferenças que nos complementam e nós tendemos a chamar às
diferenças (na tal pessoa) DEFEITOS! É claro que as coisas que temos em comum
são muito importantes, fundamentais, até, na minha opinião. Quem gosta de dar
(seja o que for, um beijo, um carinho, um presente fora de data, etc.) gosta de
receber, compreensível, mas não oferece com o intuito de receber. No entanto,
como ambos gostam de dar, ambos sabem que vão receber, vão é dar e receber de maneiras
diferentes! E é esta diferença que nós gostamos. É o facto da tal pessoa,
gostar das coisas que eu gosto MAS fazê-las, senti-las de maneira diferente.
Amar é muito mais do que isto… amar é gostar dos defeitos. É estar
"lá" para ajudar a corrigi-los. É chorar as lágrimas dela(e).
Devemos, bem entendido, sobretudo, amar os defeitos da pessoa que amamos!