PAPAGAIOMUDO

 
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O caráter de um homem é formado pelas pessoas que escolheu para conviver. (Sigmund Freud )
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7 سال 274 روز قبل

AS ESTAÇÕES DA VIDA


AS ESTAÇÕES DA VIDA

Gosto
de falar das estações da vida. Nós vivemos e, infelizmente, passamos.
Somos caminhantes, seres de passagem. Perguntaram ao poeta Jorge Luís
Borges: “Você não te medo de morrer?” Ele respondeu: “Não! Tenho medo de
não morrer.” É belo estar de passagem. É belo ser peregrino. É belo
constatar que a nossa estrada é sempre uma ponte...

            
A primeira estação é a primavera, estação das flores, onde os nossos
valores são compatíveis com os de um parquinho de diversão. É a ocasião
do desenvolvimento psicossomático, do desabrochar juvenil. Esta é a
primavera da existência, bela e florida.

              Depois podemos inaugurar a juventude do verão. O verão é quando deitamos nossas
raízes no solo da cidadania e nos fazemos seres da humanidade. É lindo o
verão. É quando estamos sendo úteis, quando estamos buscando realizar
uma promessa que fizemos a nós mesmos quando nos convocamos a encarnar
neste espaço-tempo. Trata-se, então de transmutar os valores da
primavera nos valores do verão.

Depois vem o outono, a estação
dos frutos. É quando nossas árvores ficam carregadas e temos que
oferecer flores transmutadas em frutos. Não, o outono não é velho. O
outono é a estação da vida que me informa que tipo de pessoa eu sou, ou
que tipo de indivíduo estou me transformando. O outono é velho? Velhice
é, no outono, querer viver a primavera. Velhice é paralisia do processo,
é não se atualizar. Jung dizia que, após 35 anos, os problemas são
fundamentalmente espirituais. É no outono da existência que precisamos
transmutar os valores do ter, do poder, do parecer, para os valores do
ser.  Transmutar os instrumentos de uma psicologia da juventude, como a
de Freud, calcada no prazer. Jung, assim como Viktor Frankl, desenvolveu
uma psicologia para o homem e a mulher da maturidade, que chegam ao
outono da existência e onde é preciso que o Ego dê passagem ao Self sem
se auto-destruir. Há um ditado hindu que diz: “O Ego é o melhor
empregado e o pior patrão.” Trata-se de abri-lo para o norte do ser e do
amor.

              Finalmente, se caminharmos bem no outono,
chegamos à juventude do inverno. É quando nos recolhemos. É a estação da
prece, do silêncio. Nela constatamos que caminhamos toda uma existência
para, ao final da viagem, retornar à nossa própria casa de onde jamais
partimos. Nossa tarefa: APRENDER A AMAR!

AMOR, A TERAPIA DO UNIVERSO

OS 4 TIPOS DE AMOR

O Dharma fundamental do ser humano é aprender a amar. Estamos aqui hoje
porque não sabemos amar, eis um fato. Falamos, e muito
inconsequentemente, que amamos. No que me toca, estou aqui porque não
sei amar plenamente. E aprendemos a amar através do encontro. É sábio
perceber que ninguém cura ninguém, e que ninguém se cura sozinho.
Curamo-nos no encontro, se houver encontro. É através do encontro que
ocorre a alquimia transformacional: o encontro com o próprio ser, com o
outro, com a natureza, com o mistério inefável.     

          
   Importa indagar: Por que não é fácil amar? Por que não é simples amar
e ser amado? Diante dessa perplexidade, pode ser bastante útil buscar
uma inspiração na reflexão anterior, sobre os pressupostos
antropológicos.

Os pressupostos materialista e somático indicam a
primeira estação do amor, a infância, nesta grande Odisséia que é
aprender a amar. O s gregos usavam uma palavra para este primeiro
estágio, representado pelo bebê sugando o seio da mãe: Pornéia. O amor
da criança é o amor físico da fome, da sede, dos reflexos primitivos,
sendo a forma de amor que permite a criança buscar a mãe para ver
saciados seus instintos básicos e mais primitivos de sobrevivência.  

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              De Pornéia deriva a palavra pornografia, que é o amor do
bebê que precisa mamar, comer, sugar o outro. O normótico se reduz a
esse tipo de amor porque reage de forma instintiva tentando sugar,
consumir o outro, exaurir o outro para encontrar-se. Se nos limitarmos
ao jardim da infância do amor, não haverá história para ser contada no
futuro.

              A segunda estação, o amor Eros, é o amor do
adolescente; o amor, também, muito justo, regado ao encanto e a entrega
imediata porque Eros simboliza o fogo ardente, a paixão avassaladora
que não pensa no amanhã. É o amor no qual você busca a felicidade, você
vai na direção do outro para ser feliz com ele. Se não é feliz
“adolescentemente”, culpa-se o outro pelos encantos desfeitos, culpa-se o
outro porque não foi permitido parar para ver o outro no fogo de Eros; e
isto está muito em voga. Para preencher vazios, reinicia a busca  por
alguém que se interponha na ausência de papai e de mamãe na vida
afetiva. Portanto, o amor adolescente é também o amor do normótico.

Mas há um momento em que se compreende que ninguém pode nos dar felicidade.
A felicidade é uma conseqüência natural de você ser quem é. Nem mais,
nem menos. A felicidade é uma irradiação natural quando você é inteiro,
verdadeiro, pleno, total. Vem, então, aquela estação e estado de Philia,
o amor da troca, da parceria, quando você vai na direção do outro para
aprender a ser humano com o outro, aprender a amar com o outro. Esse é o
amor dos companheiros, é o amor da sinergia, é o amor da parceria.
Philia é o máximo a que poderemos chegar na arte de amar, enquanto seres
humanos.

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              A última estação do amor, aquela que transcende os planos,
é o amor incondicional, supremo, o amor gratuito, o amor divino e
transpessoal, o Ágape: o amor que é maior que o coração humano. E quando
você ama em Ágape, você está trazendo para a humanidade o que está além
da humanidade. Esta é a tarefa fundamental da existência: caminhar na
direção daquela promessa que fizemos e aprender a amar. 

O Espírito na Saúde, Editora Vozes




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