Dizem que um homem só é homem quando: plantar uma árvore; escrever um livro; tiver um filho…
Seguíamos, então, caminhando lado a lado, eu num esforço de atleta para
acompanhar o ritmo do meu pai, no nosso passeio. Lembro-me que o enchia de
perguntas! Não tenho presente o teor da minha curiosidade, mas como esta era
geral (não fosse eu uma criança), fácil se percebe que, se eu lhe perguntasse
algo do género: - ó pai, isto é água? – Antes que ele pudesse responder, já eu
estava a perguntar se ‘aquilo era vinho’! Foi uma época mágica, e é a imagem da
minha infância!
Os anos foram passando e houve prioridades erradas que me começaram a ter, se é
que me entendem…
Adolescência, amizades que afinal não são, influências, enfim, uma sucessão de
factos também conhecida como; vida, que acontece a toda a gente, mas que toda a
gente gere de modo diferente.
Nesta fase o meu pai deu-me várias ‘respostas’, sem que eu tivesse feito
perguntas… ‘respostas’ a que não dei ouvidos ‘de ouvir’! Afinal, eu já era um
homem, e como homem que era, fiz muita, desculpem o termo, merda! Mas essas são
outras contas.
Hoje, lembro quando dávamos aqueles passeios na aldeia e, enquanto escrevo
estas linhas, não impeço, nem tento sequer, segurar uma lágrima que quer cair
ao recordar o meu sorriso, o meu eterno sorriso de criança, orgulhoso, feliz, a
passear ao lado do meu pai.
O meu pai, infelizmente, já não acorda todas as manhãs para ‘escrever’ a cada
dia uma folha na sua vida. Nalgumas páginas desse Livro, estão também os dias
que passou a cuidar das Árvores que plantou num belíssimo pedaço de terreno que
possuía. Quanto ao filho…
- Gostava de ser hoje, com a idade que tinhas naquela altura, o que então já
eras! Bem sabes que, na mesma turma, um professor tem o aluno que tira 20
Valores e o que tira 8! O teu AMOR, a tua paciência, deu-me tudo o que tenho de
bom na pessoa que sou. Se hoje não sou melhor é porque ainda não o soube ser,
mas vou lá chegar! Não sei se, para ti, onde tu estiveres Pai, algum dia terei sido, sou ou serei filho, não
no sentido biológico da palavra, mas tenho orgulho em te dizer que, em ti,
tive, tenho e terei sempre um pai! Obrigado por, na maior parte da tua vida,
teres abdicado de seres tu, para teres sido eu! Amo-te, Pai.