Lendo parte do artigo do psicólogo Sérgio Senna, coloquei-me a pensar se as doenças de cunho emocional devam ou não serem tratadas com medicamentos. Eu sempre fui contra a qualquer dependência, imaginar que alguém com sindrome do pânico, por exemplo, dependa de uma droga para conseguir a medida do possível ter uma vida normal era inadmissível para mim.
Depois de ler alguns artigos e vendo alguém que há mais de 3 anos tenta sem nenhum medicamento livrar-se da depressão, vou mudando os meus conceitos. E se ainda tenta é porque não teve êxito sozinha .
Colecionava teorias absurdas ao longo desse tempo. Diziam que era frescura, preguiça, perseguição espiritual e até que era falta de Deus. Os conselhos foram muitos também "Quantas pessoas gostariam de ter a vida que você tem, olha para trás e veja que tem gente em situação pior" - nunca mande um depressivo "olhar p trás" o pessimismo faz ele ter a sensação que ainda tem como piorar o sofrimento.
Ninguém sente igual, ou reage igualmente em situação semelhante. Somos seres singulares. Respeite e não julgue o outro. Sugira uma ideia para que ela seja trabalhada na mente da pessoa a qual quer ajudar ao invés de sufocá-la com seus achismos.
O sistema límbico e nossas emoções
Prosseguindo em nosso propósito de trazer informação básica e proveitosa ao estudo da comunicação não verbal, trataremos do Sistema Límbico, que é a principal parte responsável pelas nossas emoções.
O nosso propósito aqui é apenas incentivá-lo a conhecer mais sobre esse tema e mostrar a relação de nossa fisiologia com o comportamento não verbal.
A pesquisa tem nos dado algumas idéias de como funciona este sistema. Na história das neurociências estão registradas as experiência de José Manuel Rodriguez Delgado, um neurofisiologista que implantou eletrodos num local especifico do sistema límbico de um touro de corrida.
Os eletrodos implantados estavam equipados com um receptor de radio e, quando recebiam um sinal do emissor uma corrente elétrica viaja de um eletrodo a outro e estimulava as respectivas células. Assim que a ferida da operação sarou, o touro foi levado para uma arena, e da forma tradicional, provocado furiosamente pelos toureiros. Delgado entrou na arena e provocou o touro que avançou para ele de cabeça baixa para atingí-lo com os seus chifres.
Quando o touro estava apenas a poucos metros de si, Delgado premiu um botão do emissor, que transportava, gerando um estimulo no cérebro do touro, que acalmou-se imediatamente. Os esforços dos toureiros para enraivecer o touro não tiveram qualquer sucesso enquanto o cérebro do touro continuasse a ser estimulado por Delgado.
Apenas com o estímulo de outra parte do sistema límbico, comandada por outro botão, o touro foi trazido de novo a um estado de raiva sem qualquer intervenção dos toureiros. Ficou evidente que as células nas quais foram implantados os eletrodos regulam a raiva e a tranqüilidade.
As células afetadas estavam localizadas na amígdala, um componente do sistema límbico. De uma forma semelhante a esta, ratos e outros animais podem, pela estimulação seletiva de outras partes do sistema límbico, ser motivados para comer, recusar comida ou serem estimulados sexualmente. Em resumo, o sistema límbico regula algumas das mais vitais emoções.
Estes efeitos também podem ser evocados nos humanos. A primeira vez na qual se demonstrou que os sistemas no cérebro límbico, geram e inibem comportamentos de ataque foi com um paciente, Thomas R. Thomas, cujo principal problema era a sua fúria violenta.
Foram implantados eletrodos na sua amígdala e a estimulação diária de uma parte especifica manteve-o livre de ataques de raiva durante dois meses. Como não é possível continuar este regime ao longo da vida do paciente, já que as partes da sua amígdala quando estimuladas foram eletricamente destruídas. Subseqüentemente, os seus ataques de raiva acabaram.
Doenças nestes mecanismos reguladores conduzem a desordens comportamentais caracterizadas por variações fortes nos desejos: bulimia, anorexia nervosa, psicopatia, etc. Existem diversos estudos que relacionam uma boa parte do efeito viciante de algumas drogas à sua influência nos receptores localizados no sistema límbico. Cria-se assim, uma “mémória” da droga.
Além do já referido, o sistema límbico influencia também o sistema hormonal por intermédio da hipófise, uma pequena glândula unida à base do cérebro. Assim, nossas emoções acabam influenciando todo o nosso sistema hormonal, e todas as consequências que disso advém.
E por último, o sistema límbico, em especial a zona relacionada com o hipocampo, tem um papel importante na memória.
O sistema límbico está presente nos peixes, mas alcança o seu desenvolvimento total nos répteis. A figura abaixo, ilustra a complexidade do processo decisório e a participação do Sistema Límbico (a parte biológica), sem falar no conteúdo, na parte simbólica, nossas crenças e valores que também participam nesse processo.
PIRES, Sergio Fernandes Senna. O Sistema Límbico e as emoções. Instituto Brasileiro de Linguagem Corporal. Disponível em < http://linguagemcorporal.net.br/fisiologia/sistema-limbico/> . Acesso em 14 de agosto de 2012.