Que nunca a língua se canse de dançar, pois é esse o tango que vale a pena gritar.
Que nunca a língua se canse de tocar, pois é esse o momento que vale a pena contar.
E que eu seja do tamanho do que lambo e não do tamanho do que sofro,
e que eu seja lambido e lambedor, e que nem sequer me lembre de que existe dor
.
E que me toque de língua com a pele do amor, e que sinta na boca o sentido da vida
– e que descubra na língua até a solução da ferida
.
E que eu seja o tarado de toda a pornografia, e que eu queira despir-me de toda a hipocrisia
– e que eu desfrute do que quero e nunca do que queria.
Não existe vida para além do prazer, não existe medida para além do querer
– e a vida valiosa é a que se pode lamber.
Não há “não” que iniba o orgasmo de “sim”, não há “não posso” que apague o incêndio de “quero”
- e que eu seja o “exijo” e nunca o “espero”.
Que nunca a língua se canse de dançar, pois é esse o tango que vale a pena gritar.
Que nunca a língua se canse de tocar, pois é esse o momento que vale a pena contar.
Pedro Chagas Freitas