acma1953

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O ponto G - Ponto final, minha opinião

Já há muito tempo que tento entender um dos mais populares mitos urbanos, o célebre Ponto G. Poderão dizer ou perguntar a que propósito venho escrever sobre ele, poderei dizer que nada a propósito, mas dada a importância que a malta acaba sempre por atribuir a estas coisas da anatomia e do seu manancial recreativo, e porque estes últimos dias tem sido de alguma forma tema de debate nas tertúlias de amigos que frequento, e como em mesas de homens o assunto mulher é muitas ou frequentes vezes abordado ( tal como em mesas femininas o assunto homem merece conversa), entendi por bem falar sobre o assunto.

Até porque de política cada vez menos quero falar, tal a corrupção e pouca vergonha instaladas pelo que finjo que não percebo nada. E de sexo também não, como este texto ajudará a confirmar.

Do Ponto G salta à vista o facto de se tratar de uma zona específica do corpo (e da mente, arriscaria eu) de uma mulher que funciona, diz-se, como uma espécie de lado on de um interruptor. Ou seja, um tipo dá com aquilo sem querer e a parceira transita de icebergue a vulcão num abrir e fechar de olhos, sendo garantido o prazer absoluto à fêmea em causa. Pura mitologia, portanto.

Todavia, a fé neste mecanismo miraculoso que tantas horas tem ocupado aos mais crentes e laboriosos (tão escassos que correm o risco, eles próprios, de se tornarem tão utópicos como o mito de que vos falo - falo não no sentido erecto da expressão) terá pois um efeito quase imediato na, digamos, predisposição da proprietária desse território mais procurado do que o petróleo no Oriente.

Naturalmente, alguns machos da espécie parecem quase obcecados com a descoberta desse santo graal da coisa e concentram boa parte do seu empenho na busca incessante do tal ponto G ao ponto, passe a redundância, de se esgotarem nesse esgravatar sendo essa uma das explicações possíveis para que a duração média de um acto sexual se cifre nos três minutos (subsequentes às três horas entretidas na exploração que mais parece uma procura de unicórnios). Por outro lado, a estatística associada ao ponto G não favorece os mais fervorosos. De acordo com a informação disponível, e apesar de existirem até diagramas que localizam o dito ponto num local específico no interior da dita cuja - alvo de contestação por parte de quem acha que isso seria fácil demais e por quem até não se importa nada com os esforços dedicados a tal causa, o ponto G não está sempre localizado no mesmo local em cada pessoa. Pior ainda, estamos a falar de uma pessoa do sexo feminino e aí as variáveis tendem para o infinito, como qualquer matemático de pacotilha consegue calcular.

Existe ainda uma corrente que defende uma proliferação de pontos G por todo o corpo, bastando apenas certificar-se o explorador de que nenhum centímetro quadrado fica por sondar nessa demanda pelo botão mágico que transforma qualquer amante num sucesso sem precedentes (estou a rir mas é dos nervos, não levem a mal). Os mais cépticos, no entanto, contestam essa abordagem por considerarem tratar-se de uma versão oportunista (nada feminina, nesse caso) destinada apenas a funcionar como uma espécie de cenoura pendurada diante dos, digamos, menos clarividentes.

Alguns estudiosos deste tema fascinante, nomeadamente os mais dados ao trabalho de campo, reclamaram para si os louros da descoberta deste tão prodigioso eldorado do sexo, embora nunca faltem as vozes oponentes que os acusam de se fiarem em demasia nas manifestações exteriores de satisfação cuja fiabilidade se sabe hoje (como ontem já se sabia) ser sobremaneira questionável. E se os mais veteranos escarnecem os que ainda se dão a tais trabalhos de pesquisa do que a sua experiência de vida lhes ensina não passar de uma metáfora ou pouco mais, já os mais novos, a geração playstation, provavelmente desistirão do ponto G no momento em que se aperceberem de que nunca irão dispor de um comando à distância para a sua activação.