Ontem escrevi mais um texto sobre você, mas sem a menor intenção de te mandar. Foi só pra tirar o excesso de saudade, sabe? Deixar tudo no papel. Não ajudou muito.
Lembranças vieram a tona e, quando dei por mim, já estava nadando em saudade e nostalgia. Tentei me salvar, mas você sabe que eu nunca aprendi a nadar muito bem.
Fechei meus olhos e apenas deixei as memórias saltarem sobre mim.
Sei que te incomoda saber que ainda penso em você, mas não pude evitar. Veio como uma porrada na cabeça, não tive chance de me defender nem nada. Quando vi você já tinha acabado com meu sossego de novo.
Nosso amor tirou férias, foi necessário. Saiu pra passear e descarregar todas as mágoas no fundo de uma areia numa praia qualquer. Mas agora ele voltou a superfície e veio como uma maré alta, quase um tsunami.
Vieram recordações, uma atrás da outra. Foi como engolir água até perder a consciência, mas a diferença era que você me perseguia até no subconsciente.
Lembrei bem de todos os nossos beijos. Menos do último. Eu não fazia ideia de que teríamos um último beijo. Ou um último qualquer coisa. Só pensava em nós dois e o pra sempre.
Lembrei daquele dia no cinema, no primeiro encontro. E nos primeiros sorrisos. Na primeira vez em que nossas mãos se encontraram e nos guiaram a passos ritmados.
Lembrei da primeira briga e da primeira tentativa sua de fazer tudo ficar bem. Foi a única vez em que você tentou.
Lembrei daquele domingo no sofá da sua sala vendo um filme num canal qualquer.
Lembrei do “eu te amo” naquela festa barulhenta, mas que soou como um grito e eu ouvi muito bem. E talvez seja por isso que não consiga esquecer de tudo completamente, porque eu ouvi muito bem. E essa frase ainda me persegue a cada dia.