Pois é. Isto de morar sozinho é muito
complicado. É que, quando acontece alguma coisa, não tenho ninguém para culpar.
Afinal, só me sobra mesmo a minha estupidez. Se não, vejam: tinha eu umas telas
pintadas por uma grande amiga, para colocar numa parede, quando decidi que não
queria fazer furos, até porque ainda nem posso fazer esforços conforme ordens
do médico. Por isso, arranjei uma cola teoricamente super potente, que prende
tudo e mais alguma coisa. E lá vou eu, que pouco percebo das leis da física e
ainda acredito no Pai Natal, colar os meus quadros na parede. Mas não pensem
que eu sou assim tão crédulo. Antes de me atrever a deixar os quadros sozinhos
ali, postos contra a parede, ainda tive o discernimento (será?) de os mexer
bastante e coloca-los direitos e alinhados e, já convencido de que aquilo sobreviveria a
um terramoto, fui deitar-me e a Magui (para quem não sabe é a minha cachorra
Golden Retriever) acompanhou-me como de costume e deitou-se ao lado da cama
onde costuma dormir. Eram 3 h da manhã estava eu a sonhar, quando oiço um
estrondo. Nesta parte da história convém dizer que, para além de eu não ter
audição periférica, quando estou a dormir (nem acordado, sou um duro de ouvido
rsrsrsrs), fico um tanto ou quanto acéfalo (para os leigos, burro como uma
porta!). Acordei, subitamente e, qual terá sido a primeira coisa que me passou
pela cabeça?
FDP da cachorra mandou qualquer
coisa ao chão.
Neste momento eu não sabia sequer onde estava,
por isso:
1 - Lembrar-me que tinha colado os quadros?
2 - Lembrar-me que a cachorra estava a arrastar a
tigela da comida?
3 - Lembrar-me que os vizinhos do lado podiam estar em plena actividade sexual àquela hora (sim, porque quando estão a cama deles embate na parede do meu quarto e desperta-me )
4 – Lembrar-me que o vulcão Eyjafjallajökull entrara de novo em erupção?
Nããoooo.
Só depois de me levantar e ir ver o óbvio: que a bicha (mentes poluídas não pensem nisso ) estava sossegada da vida dela, com tudo o que o rodeava no seu devido lugar, é que me ocorreu que TALVEZ o barulho tivesse vindo da sala. E pronto, lá estava, o meu pobre quadro caído no chão.
Qualquer pessoa com dois dedinhos de testa (ou
acordado q.b.) saberia que a atitude mais inteligente naquele momento seria
retirar o quadro que resistia firme e hirto na parede, antes que se repetisse o
acontecimento.
E eu, fiz isso? Não, demasiado fácil.
Imaginem o que aconteceu por volta das cinco da
manhã...
E de quem é a culpa? Da cachorra, afinal, ela
devia ser capaz de destruir coisas, só para eu poder comprovar as minhas
teorias...