Tenho como dado adquirido que a escrita é uma arte como outras, assim gosto de a entender. Sucede também com a escrita o que por ventura sucede com outras artes como a pintura, a música ou até a dança, para qualque delas a inspiração é fundamental. Assim é para mim, tenho de me sentir com inspiração e ser capaz de pegar numa paleta de palavras, numa caneta com ou sem teclas feitas pincel, e encher esta tela com as cores da minha emoção ou a que outros fazem acontecer, e como sabem falo muito sobre o amor, e isso tem uma razão, um motivo, a tal fonte de inspiração.
Gosto de me ver pintor, artista mesmo não o sendo, mas sonho que pinto fazendo do teu corpo uma tela onde projecto os meus desejos, por isso também acredito que é possível fazer arte com as palavras mais a alma que me faz. De carregar do cinzento da ira o mesmo céu que antes brilhou azul num estado de espírito cheio de sol e de espalhar o vermelho quente da minha paixão exactamente no mesmo chão/corpo teu, onde antes derramei as cores das palavras que falam dos meus amores caídos como anjos no paraíso da tua beleza.
Adoro enfrentar o duelo com o espaço branco por preencher de mim ou de quem me suscita algum tipo de vibração, as histórias que tento contar com o coração ou com a cabeça, antes que ela esqueça os pormenores que interessam para colorir esta tela que os olhos de alguém irão depois apreciar, os teus em primeira instância que serão os de aprovação que me permitam então, talvez; partilhar as emoções que reinam em cada pedaço do que sou, em cada texto que te dou.
Cada texto um novo quadro pintado com as melhores palavras de que disponho para a combinação de tons, a evocação de sons, os detalhes que transmitam com a máxima clareza aquilo que pretendo dizer sob a forma de expressão que melhor consigo usar.
É isso que me move acima de tudo nesta demanda pela atenção que me podes dar, e na que os demais queiram apreciar. Nada mais tenho a ganhar com esta entrega de boa parte de mim, talvez o melhor de tudo aquilo que sou.
E é isso que dou aqui, parte de mim, tão genuína quanto sou capaz de a retratar. Apenas um homem sedento de amar o muito que a vida tem para apaixonar qualquer um, empenhado em exprimir esse sentir sem medo algum. Á vista de quem encontre a sintonia perfeita com as cores que utilizei ou mesmo dos que me rejeitem à partida e se estejam nas tintas para a essência daquilo que me move ou para a beleza que por vezes sou capaz de reproduzir.
Gosto de escrever, mas preciso de motivação porque aquilo que tenho para dizer são imagens da minha forma de sentir o mundo que me rodeia. Prefiro uma emoção a uma ideia, nada mais. Por isso não inspiro respeito a intelectuais, mas sei que consigo falar a língua dos amantes nos momentos relevantes em que provo seja a quem for que trato por tu o amor e essa é uma certeza que me basta.
Não pretendo saber um pouco de tudo, mas exijo que um ombro desnudo de mulher, de ti; não tenha segredos para mim quando o pinto com as palavras intensas e bonitas que lhe façam justiça, uma cor perfeita, e retribuam um pouco do prazer que me provoca a sua contemplação.
Justiça feita ao que a vida tem de mais maravilhoso para me encantar ou antes pelo contrário, quando a razão me aperta o coração com realidades que me chocam ou apenas me provocam e eu, zaragateiro, não sou capaz de me ficar como preferiria.
E escrevo o que diria, sem hesitar, aquilo em que acreditar, todas as cores da emoção que me subjuga e me conduz por caminhos que nem sempre jogam certo e se reflectem depois em textos carregados de borrões.
É disso que se trata aqui. Tudo mais são ilusões ou equívocos iguais aos das pessoas normais como eu gostaria de me acreditar.
Isso mais a magia da libertação, a força indomável da expressão que aprendi a respeitar e que amo acima de quase todas as coisas.
Parte de mim, para te dar meu amor, outra bem importante para vos dar, meus amigo(a)s.