Tenho a idade certa para escrever com o corpo memórias de um tempo que teima ficar-me por dentro. Um tempo de rasgos vermelhos onde sem pudor, a minha mão conduz a tua nas doces curvas da contemplação, onde me cedo e me nego na agonia do que quero e do que não permito. Para ti danço com ambas as mãos numa viagem inaugural... Não quero o silêncio, quero reaprender as palavras da paixão, reaprender a guardar nelas o que resta dos beijos que sempre me desalinharam os sentidos.
Não desistas, porque não te quero suspensa.... quero-te táctil, tensa, retida no acento vulnerável de sílabas inacabadas que sussuras ao meu ouvido, quando adormeço sobre o teu peito. Este é o inicio perene do nosso entendimento, nada de lençóis arrumados à pressa, não quero um espaço construído no vazio do medo.... quero apenas tudo o que poderia querer alguém que ama. Não és mais um rosto... nem mais um corpo na minha cama... tu és, tu! Aquela que me permite ser quem sou... quem eu gosto de ser...deixando-me despertar amuado, colocando no meu colo um repasto feito de amor e um sorriso que acompanha a mão, afagando o beijo que nela deposito.
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