Carta a uma GRANDE Amiga. Não estejas triste
Tenho pensado em ti, na tua tristeza, mágoa, dor e sofrimento. Para algumas pessoas, pode parecer banal acontecer um desgosto de amor durante a nossa vida. Todos nós já passámos por isso, em maior ou menor grau. Contudo, todos sentem de forma diferente e tu tens andado muito triste, mesmo se não parece.
A verdade é que, quando o amor acaba, não há vencedores. Muito ou quase tudo se perde: afectos desfeitos, ilusões quebradas, companhias que desaparecem, uma história comum que se esfuma, memórias que se desfazem, palavras e vivências que deixam de fazer sentido. É difícil superar-se a rejeição e o abandono, mas o que custa mais é lidar com a perda.
É preciso então fazer uma terapia do esquecimento que se torna ainda mais difícil quando os laços não se desfazem completamente. É preciso dar umas férias ao coração, deixá-lo viajar por outras terras de amizade e por outros afectos. Depois, é esperar que ele volte mais fortalecido…
E haverá um dia em que acordamos e já não dói, o vazio já está a ser preenchido e começamos de novo a viver, confiantes no futuro. Às vezes, esse dia custa a chegar. Às vezes, mesmo superando o desgosto, há mágoas que ficam para sempre cravadas na memória como picos que não matam mas moem.
Gostaria de te dizer que esse dia está próximo e que amanhã te sentirás menos só, menos ansiosa e mais feliz. Gostaria de passar a mão nesse olhar triste e apagar essas mágoas que ainda te fazem sofrer para poderes voltar a dormir. Gostaria de poder ajudar-te, por isso, escrevo-te esta carta, para saberes que não estás completamente abandonada, tens-me a mim e à minha amorizade.
Um abraço bem apertadinho e o meu ombro para desabafares. Sabes bem que é a ti que dedico esta carta, minha amiga, minha irmã amada. Com isto lembrei que nada do que escrevi faria sentido se não lembrasse que nunca, mas nunca; devemos deixar de ser crianças, e nada melhor que este poema sublime de Richard Bach.
"Jamais deixes de ser criança...
Nunca deixes de sentir, gostar, ver
e extasiar-te diante de coisas tão grandiosas
como o ar, o voo e os sons
da luz do Sol dentro de ti.
Se achares preferível, usa uma máscara
para proteger a criança do mundo.
Mas lembra-te que no dia em que permitires
que essa criança dentro de ti desapareça,
terás crescido e já não estarás vivo."
Richard Bach