Sinto que sou feito de terra molhada e do cheiro da terra húmida da terra onde nasci: África minha.
Dos lindos coloridos do céu em que o entardecer e o amanhecer quase se tocam, onde o pôr do sol é diferente e tão lindo.
Sinto que sou um fado, cantado e tocado horas seguidas e que me aquece nos momentos em que a água do duche me molha a pele misturando-se com o creme de duche me cobre o rosto.
Sinto que sou as lágrimas dos olhos por tudo e por nada, porque quando abraço envolvo-te com o meu calor quente, ou porque quando não estás a ausência é fria.
Sou feito de cheiros que ficam dias e dias seguidos, de sorrisos e gargalhadas francas.
Sinto que sou também feito de livros e cadernos, de muitas memórias, histórias e narrativas, de pautas de música e de bilhetes de futebol.
Sinto em determinados momentos que sou poesia, prosa ou todo o tipo de palavras.
Sou e sinto-me um caminhante de viagens ao meu próprio interior, de idas ao mar apenas para mergulhar e no fundo do oceano meditar, tal como quando estou na praia e na areia tenho momentos infinitos e intermináveis de confidencias ao mar.
Agora mesmo, neste instante sou feito de surpresas, surpresas daquelas que nunca quis porque denunciavam aquilo que sou, a minha verdadeira alma. E a alma muitas vezes devemos resguardar e não dizer tudo o que lá vai, podemos magoar-nos ou magoar alguém.
Aquilo que resguardo na alma mas que não temo mostrar a quem mais me sabe surpreender.
