acma1953

 
registro: 03/01/2011
I miss you,I'm gonna need you more and more each day I miss you, more than words can say More than words can ever say
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Conto ou não...quem tem medo de ser feliz?


Num tempo muito ido, quando os animais falavam, havia uma estrelinha perdida no escuro da noite, num canto só seu. Estava sozinha a marcar aquele ponto do Céu. O tempo passava e ela ia perdendo o brilho. Sentia-se só. Um dia, olhando as outras estrelas, vislumbrou a Terra. Como era bela, pensou! E com o encanto veio a vontade irresistível de a conhecer. Decidida, entrou na noite da floresta, qual estrela cadente, deixando um rasto de luz intermitente na copa das árvores. Não houve pássaro que não acordasse e a anunciasse com piado abalado. A luz e música acompanharam-na num bailado que a fez sorrir. A curiosidade era tamanha que se sentia a rebentar, tivera peito e morria ali. 
No meio da noite descortinou ao longe uma pequena luz. Iria para lá! Seria uma alma gémea; mas não, a luz estava imóvel. A casa ia ganhando forma; a luz, essa, brotava de dentro e fugia para a noite que ali começava. Bateu à porta. Lá dentro, um cão, um cavalo e um porco jogavam às escondidas. Foi o cavalo que assomou à porta. Intrigado olhou e nada viu. Ia a fechar a porta quando ouviu um olá quase perdido. Olhou novamente e nada! Ouviu agora vindo de cima, “aqui, estou aqui!”. 
Num movimento lento levantou a cabeça enquanto esta ia ficando ruborizada com a luz que a estrelinha emanava. Sorriu, o espanto tomou-o de pronto. “Quem és tu?” indagou. 
“Sou a estrelinha, posso brincar?”. 
“Claro que podes, entra” e dizendo isto encaminhou-a para a sala. 
“C’um caneco!” exclamou o cão enquanto o porco, mais velho e vesgo, se limitou a mirá-la através do óculo que herdara da mãe. Em breve estariam todos a brincar. Seria o cão a apanhar. Encostou-se à parede e contou até cem, e não foram poucas as vezes que se enganou, a vontade de jogar era muita. O porco, pressentindo a proximidade do cão, saltou de rompante do armário e numa corrida escorregada alcançou a parede. Em leitão correra melhor, lembrou. O cavalo, ainda o cão olhava o porco, lança-se detrás da porta indo embater com um sonoro coice na parede gasta em jogos repetidos. Restava a estrelinha, desesperava o canídeo. Tudo procurou e nada! Nada mesmo! Com o tempo a busca transformou-se em pânico. Agora todos procuravam. 
O porco opinou “fugiu por certo! Não há estrela que se esconda ...”. 
O cão, mais prosaico, admitiu “Se calhar apagou-se!”. 
O cavalo ao ouvi-los bocejou e afirmou do alto da sua nobreza “Ela só queria brincar! É uma criança ...”. 
Ainda não tinha terminado e a voz doce fez-se ouvir “Escondi-me aqui, tontos!”, e o tecto iluminou-se com os raios que o sorriso dela projectava. 
Olharam todos para cima e perceberam o óbvio, uma estrelinha seria sempre uma estrelinha, e ainda bem. 

Quem tem medo de ser feliz? 

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Que a luz deste conto ilumine a cara de uma criança, basta uma e valeu a pena!

https://www.youtube.com/watch?v=1k4Tpvbokf0