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Randy Pausch: uma lição de vida

Randy Pausch: uma lição de vida

“Não sei viver sem ser feliz”

Randy Pausch: uma lição de vida

Publicado por Redação em 09/04/2010 às 16h59

Ao descobrir que tinha apenas seis meses de vida, ele transformou sua despedida em um ensinamento e tanto. Conheça a emocionante história de Randy Paush, autor do best seller A Lição Final

 

Texto • Renata Guerra 

A reflexão sobre a vida de um norte-americano de 47 anos veio como consequência de uma notícia que, para muitos, seria desesperadora. Casado, pai de três filhos pequenos e habituado a dividir sua rotina entre aulas e a família, Randy Pausch descobriu que estava com câncer de pâncreas, uma das formas mais fatais da doença.

Mesmo após ser submetido ao tratamento padrão, não obteve resultados. Informado pelos médicos que teria apenas seis meses de vida com qualidade, Pausch decidiu ministrar uma palestra de despedida na qual falaria aos alunos, colegas de profissão, esposa e, principalmente, aos filhos. Mais que lições de otimismo ou determinação, o professor trouxe a público questões que lhe pareciam realmente importantes e mostrou, assim, que a vida pode – e deve – ser bem vivida até o último instante.   

“O que me torna um ser único?”

Pausch estava na sala de espera de um médico, quando se deu conta de que era um homem de sorte: tinha conseguido realizar seus sonhos de infância e tudo o que amava estava, de uma maneira ou de outra, ligado a esses sonhos. Bastou essa percepção para que pudesse entender, com precisão, aquilo que o tornava um indivíduo diferente dos demais. Estava aí o ponto de partida perfeito para a sua última palestra.

Como Realizar Seus Sonhos de Infância foi proferida no dia 18 de setembro de 2007, na Universidade Carnegie Mellon, no estado da Pensilvânia (Estados Unidos). No auditório com cerca de quatrocentas pessoas, o professor eletrizou o público, contando como conseguiu atingir todos os seus objetivos, que iam desde conseguir o maior bicho de pelúcia do parque de diversões a trabalhar na equipe de criação da Disney.

De acordo com o professor, o segredo para obter tamanha realização é manter o foco na maneira como vivenciamos o nosso dia a dia e jamais desistir daquilo que, um dia, desejamos. “O importante não é a maneira de se realizar os sonhos. O que importa é a maneira de se conduzir a vida. Se você conduz a vida de maneira correta, o carma se resolve por si. Os sonhos virão até você”, afirma

Pausch nunca questionou se a sua doença era justa ou não. Argumenta, apenas, que raiva e reclamações não ajudam em nada. A postura que adotou diante do câncer, aliás, é a mesma com a qual costuma lidar com outros problemas. “Não podemos trocar as cartas que recebemos, mas apenas pensar como jogar”, declara.

Não é de se espantar que muitos confundam a firmeza do professor com frieza, afinal, quem conseguiria manter atitudes tão positivas tendo consciência de que está prestes a encerrar o ciclo da vida? “A nossa cultura evita a questão da morte. Nos comportamos como imortais. Por isso, as pessoas se impressionam com a forma a qual Pausch lida com a morte iminente. Mas, se você considerar a vida como um privilégio, percebe que ela deve ser desfrutada a cada instante”, afirma Antonio Carlos Pereira, professor da Faculdade de Psicologia da PUC.

Parece, então, que Pausch absorveu e tem aplicado este aprendizado com grande competência. Além de demonstrar diariamente uma grande vontade em extrair o máximo de cada momento vivido, o professor se mostra grato por ter recebido um aviso, o que seria impossível se tivesse uma morte repentina. Afinal, graças a isso, tem tido tempo para preparar e planejar parte do futuro de sua família sem a sua presença e, o mais importante, para produzir o maior número possível de recordações para seus três filhos – Dylan, de seis anos; Logan, de três; e Chloe, de um ano. “As crianças, mais que tudo, precisam saber que seus pais as amam. E os pais não precisam estar vivos para que isso aconteça”, conta o pai de família.

Com a prova de amor incondicional que quis proporcionar aos filhos, Pausch nos deixa um legado indescritível. Sua última lição nos serve de exemplo não só de como enfrentar a morte, mas, principalmente, de como encarar a vida. Cabe a nós, então, aplicar estes importantes ensinamentos.

Fenômeno Pausch

- No site You Tube, o vídeo da palestra de despedida já foi visto quase três milhões de vezes. Fez tanto sucesso que já é possível encontrá-lo em versões legendadas em vários idiomas.

https://www.youtube.com/watch?v=ji5_MqicxSo

- Pausch usou a sua fama mundial a favor de pessoas que também sofrem de câncer no pâncreas. Em março deste ano, o professor esteve no Congresso norte-americano para fazer campanha por maiores verbas para pesquisas sobre a doença.

- O professor entrou na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo, publicada este ano pela revista norte-americana Time.

- Devido ao sucesso mundial, a editora norte-americana Hyperion pagou seis milhões e setecentos mil de dólares (o que equivale a mais de dez milhões e seiscentos mil reais) para Pausch escrever suas memórias.

- Lançado em abril deste ano, o livro A Lição Final está na liderança da lista dos mais vendidos nos Estados Unidos, segundo o jornal The New York Times.

 

Saiba mais:
A Lição Final
Randy Pausch (com Jeffrey Zaslow)
Editora Agir