Ilha secreta
O dia é transportado para um recanto do tempo que se escoa sobre o sopro rouco de um inverno monolítico. Na confusão da noite, não há nenhuma turba a acompanhar o bailado dos satélites.
O vento Norte empurra as nuvens carregadas de chuva.
Estugo o passo em direcção às auroras boreais, talvez na esperança de aí encontrar um salvo conduto que me abra as portas da fonte lustral.
No calor do teu coração… escondo-me. Aí mesmo, onde tu algumas vezes não me sabes procurar. Do teu corpo caricias plenas, pelas quais me enamoro.
A bruma esvoaça levando os meus pensamentos.
Perante as palavras que se calam na tua boca, ouve-se o tumulto alimentado por uma fornalha, esperança de Yin e Yang que se cruzam.
Sou oriente e ocidente… nas brasas.
Ateei o meu fogo na cumplicidade da tua pele. A brancura do silêncio transforma-se em tempestade. Deitado ao longo do teu vale, encontro o sossego… o prazer.
O eco dos nossos gestos impõe um epíteto.
Em algum lugar, no oceano dos nossos amores, uma vaga transporta o limão dos nossos desejos, na margem da obsessão voluptuosa.
És a ilha secreta para onde caminho sem ruído.
O tempo adormece sobre o gelo. Corro a fechar as cortinas do meu antro de perdição e volúpia.
Sobre o leito do teu coração desfaço a minha mala.
Longe, muito longe faz frio.
Aqui és tu a minha luz.