Se fizermos as contas nunca são muitas as pessoas que ao longo de uma vida nos amam ou são amadas por nós. Claro que depende de muitos factores, alguns tão aleatórios como o simples acaso de cruzarmos caminhos com este alguém e não com outra pessoa qualquer. Sorte ou azar. É essa a primeira opção com que a existência nos confronta, sem nos dar muito a escolher. A sorte de encontrarmos pessoas que nos amam e são amadas por nós.
Ou não.
São poucas, nem façam as contas para não desanimarem e para não chorarem os que ficaram por viver, os amores que nem chegaram a acontecer ou aqueles que deixamos extinguir de forma leviana, são mesmo poucas as pessoas que esbarram connosco e descobrem em nós algo de diferente, de especial.
É que a janela de oportunidade começa tarde e para a maioria acaba cedo demais ou nem chega a abrir-se de par em par. É assim que muita gente acaba por se instalar numa relação morna mas duradoura ou opta pela solidão. É o azar de aparecer sempre a pessoa errada ou nem chegar a surgir alguém digno de nos merecer o amor que queremos oferecer e receber em troca.
São poucas as pessoas capazes de nos acelerarem o coração, de nos prenderem a atenção como focos de luz no meio de uma madrugada sem luar, mas quando surge, as estrelas inundam o céu e trazem-nos um brilho intenso.
Contudo, as pessoas, todos nós, acabam por não agarrar as oportunidades que surgem. Deixamo-las escapar por entre os dedos no meio do fino pó de um capricho ou de uma birra qualquer, como se não fizesse falta um amor quando é possível substituí-lo, em teoria, por imensas e excitantes presenças que só trazem o que uma relação oferece de melhor. Tudo menos o amor, claro, mas esse já o assumimos dispensável quando dele abdicamos por não querermos ou não sabermos como lutar.
Ou apenas porque desaprendemos de amar, também é capaz...
E nem quando fazemos as tais contas percebemos a dimensão da falta que essa emoção nos faz.