lombrah

 
registro: 14-02-2009
Tudo que nao me mata me fortalece.
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Último jogo

Contei

"CONTEI meus anos e descobri," 

escreveu Mário de Andrade, "que terei menos tempo para viver 
daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais 
passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que 
recebeu uma bacia de cerejas... As primeiras, ele chupou 
displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. 
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero 
estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me 
com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando 
seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para conversas 
intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias 
que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para 
administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, 
são imaturos. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram 
pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. As pessoas não 
debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se 
escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma 
tem pressa... Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado
 de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, 
não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da 
hora, não foge de sua mortalidade. Caminhar perto de coisas e 
pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para 
mim, basta o essencial!"

Viver é uma questão de paladar. Aprende-se a viver saboreando a vida.