simonevovo
Santa Luzia
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E quando eu me distraí o amor chegou. E num piscar de olhos, entre uma palavra e outra o meu coração já era teu!! NEOQEAV
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Escreviver...
Não escreva sua vida como se fosse um rascunho.
Capriche na letra, nas palavras, não poupe tinta.
Escreva com gosto, escreva tudo... que seja belo, verdadeiro, feliz, mas escreva também as frases tristes, as despedidas, as pausas das vírgulas, a força de um ponto final, mesmo que inesperado, e inclusive as possibilidades das reticências... Ah, as reticências!!
O que seria dos nossos sonhos, das nossas decepções e pausas indesejadas se não fossem elas!
Use sempre tintas de esperança... Escreva tudo... mesmo o que traga lágrimas ao ler.
Essas coisas cavam as páginas e aí, quase sempre, pra quem sabe amar-escrevar, nascem flores temporanas. Escreva os amigos, as escolhas, os lugares, as observações... Escreva com a sua letra, não imite ninguém, não faça a "caligrafia" dos vazios que estão na moda... Escreva-se com a profundidade e simplicidade da criança que faz o bilhete de dia das mães... Escreva! Escreva nas páginas brancas da existência! Escreva poemas de liberdade nos muros que dividem e escravizam você por dentro! Escreva no vazio escuro do medo palavras de sol a pino! Escreva! Escreva... Escreva-se! Escreva e faça brotar em flor os sentidos nos mais áridos solos do seu coração! Não escreva sua vida como se fosse um rascunho... pois nunca sabemos quanto tempo teremos para terminar esse manuscrito que é a vida, a nossa vida, a sua vida! Escreva com tintas do Eterno, na cadência do Amor, na certeza que há um Grande Autor a tecer, com você, em você, o seu feliz drama particular, a colorir a sua dor de viver... Aí sim! Não mais o medo das horas que passam, do despertador que parece sempre prestes a soar a campainha do fim... e que nos faz querer correr nas linhas, calando, por vezes, os sentidos mais intensos, tornando-nos impessoais, como as letras de forma ou de revista que não querem confessar o seu autor, fazendo-nos máquinas de "escreviver", de aprisionar, de padronizar, de calar e de embrutecer toda verdade contida no "a próprio punho" de cada existência... Aí, quando escrever-se for um apelo do coração em busca do Sentido ou da dura lida fazer-se letra, levado até as últimas consequências como (im)possibilidade do (não)ser, (não)amar, (não)viver, do (não)valer a pena toda essa tinta e papel, aí sim, nos escreveremos de verdade... e não haverá tempo, medo, solidão, noite, cansaço, angústia ou mesmo mal algum que possa apagar o que foi e ficou inscrito em nós.
Escreva-se...
______________Danilo Pereira