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registro: 28-04-2010
Todo mundo é culpado pelas bondades que não pratica.
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Saberes

Num largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro. Numa das viagens, iam um advogado e uma professora. 

Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:
- Companheiro, entende de leis?
- Não. - Responde o barqueiro.
E o advogado compadecido: 
- É pena, perdeu metade da vida!
A professora muito social entra na conversa: 
- Senhor barqueiro, sabe ler e escrever? 
- Também não. - Responde o remador.
- Que pena! - Condói-se a mestra - Perdeu metade da vida!

Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco. 
O barqueiro preocupado pergunta: 
- Vocês sabem nadar? 
- Não! - Responderam eles rapidamente. 
- Então é pena - conclui o barqueiro - Vocês perderam toda a vida!" 

"Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes" (Paulo Freire).


O relato de um cidadão brasileiro

Nos descaminhos de asfalto que palmilha, Hustene empreendeu uma viagem de descoberta

do país. Diante de cada porta fechada, percebeu que o Brasil havia desistido dele e de sua 

família e haviam esquecido de avisá-lo. Não é uma vaga de emprego que lhe negam, é um

lugar no projeto da nação. "O que mais me dói é que não consigo emprego por exigência de estudo.

Aí não vou poder continuar dando estudo para os filhos. Vão ficar pai, filhos e netos trabalhando sem 

educação, no serviço que aparecer. Ficaremos todos sem escolha", desespera-se. "Eu trabalhava em

escritório, tinha datilografia e escrituração fiscal. Meus filhos iam comigo trabalhar e ficavam orgulhosos.

Agora me tornei um analfabeto, fiquei fora da informática.(...) Vou começar do zero e não estou no zero.

Não sou contra a tecnologia, mas é uma concorrência desleal. E meus filhos não têm computador. E eu

não terei o dinheiro para mandá-los para faculdade.

 

                                    Eliane Brum. O homem-estatística. Época.Globo, n° 197, 25 de fevereiro de 2002, p.91


A lenda

Conta certa lenda que estavam duas crinaças patinando em um lago congelado.

Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam despreocupadas.

De repente o gelo se quebrou e uma delas caiu ficando presa na fenda que se formou.

A outra, vendo seu amiguinho preso e se congelando, tirou um dos patins e começou a golpear

o gelo com todas as suas forças conseguindo por final quebrá-lo e libertar o amigo.

Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido perguntaram ao menino: Como

você conseguiu quebrar o gelo? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo sendo tão

pequeno e com mãos tão frágeis!

Nesse instante um ancião que passava pelo local comentou: - Eu sei como ele conseguiu

Todos perguntaram:

- Pode nos dizer como?

- É simples - respondeu o velho- Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que não

seria capaz.

                                        (desconhecido)